"Se for pro gol, me chama que eu vou": Marion Mello, a voz que embalou o acesso do Inter-SM em 2025

Autor: Arthur Camponogara

Foto: Reprodução

Narrador ficou conhecido pelos bordões e jeito irreverente

Quando a bola rola no gramado e o relógio começa a girar para torcedores e jogadores, há uma voz que se destaca no rádio de Santa Maria: a de Marion Guimarães de Mello, narrador da Rádio CDN. Mais uma vez, foi dele o timbre que eternizou o acesso do Inter-SM à elite do futebol gaúcho, após 14 anos na Divisão de Acesso.

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Muito mais do que apenas narrar lances e gritar gols, Marion leva ao ar emoção, ritmo e poesia. Antes de cada partida, prepara um texto especial para abrir a jornada esportiva. É sua maneira de sintonizar o coração do torcedor com a grandeza do momento.

– Quando a gente narra um jogo, é preciso se preparar um pouco. Conhecer as questões que envolvem a partida, o emocional do jogo, se o time vem de vitória ou de derrota. O importante é buscar o emocional no momento certo. Se o time tá bem, é chegar para o ouvinte e colocar ele na mentalidade de "vamos seguir em frente". Se está mal, é buscar recuperar a confiança, fazer a emoção mexer. A ideia é trazer o torcedor na mesma sintonia do que os próprios jogadores precisam fazer em campo – conta Marion.

Entre uma jogada e outra, seus bordões já viraram marca registrada. “No toque-toque da bola, no tique-taque do relógio” embala a clássica pausa para o tempo e o placar da partida. E quando a rede balança, ecoa o grito que já virou patrimônio da Baixada: “Se for pro gol, me chama que eu vou!”.


O lado pessoal: família e raízes

Natural de Santa Maria, Marion nasceu na década de 1960 e construiu uma vida de fortes vínculos com a cidade. Casado há 23 anos com Sil Goulart, destaca o carinho e a parceria da esposa, mãe de sua filha caçula, Martina, hoje com 13 anos.

Além dela, o narrador é pai de Diogo Mello e Mariana Mello, de um relacionamento anterior. Diogo, que vive em Brasília, é músico, atua na Conab e é pai de Maria Carolina, a neta de Marion. Mariana trabalha como assistente social em Santa Maria, dedica-se a ajudar pessoas e mantém viva a paixão pelo Carnaval.

A caçula, Martina, segue os passos da tradição carnavalesca da cidade: já foi rainha da Vila Brasil, do Carnaval de Santa Maria, do Rio Grande do Sul e das piscinas do Avenida Tênis Clube. Estudante do Colégio Adventista e atleta iniciante de vôlei pela AVF, também carrega a veia esportiva do pai.

– A Sil é uma companheira espetacular, uma amiga, uma pessoa de coração enorme. E tenho muito orgulho dos meus filhos. Cada um trilhou seu caminho, mas todos têm esse traço da dedicação e do carinho pelas pessoas. A Martina é nossa caçula, muito estudiosa, carinhosa e já com essa ligação com o esporte e o Carnaval – destaca o narrador.


O início no botão e o aprendizado no rádio

Antes das partidas, Marion escreve a mão o texto de abertura da jornadaFoto: Arquivo Pessoal

A paixão pelo rádio começou cedo, ouvindo transmissões ao lado do pai, fã das rádios do Rio de Janeiro e de São Paulo. No pátio de casa, no Bairro Itararé, Marion narrava jogos de botão inspirado em vozes como Osmar Santos, Dirceu Maravilha e Januário de Oliveira.

– Eu me empolgava muito com as narrações. E trazia aquilo para minha realidade. A gente juntava uma galera do colégio para fazer os campeonatos de futebol de botão, enquanto eu narrava, baseado no que eu ouvia nas transmissões esportivas das rádios lá de São Paulo e do Rio – conta.

Foi apenas nos anos 1990 que Marion entrou de cabeça no rádio, em uma emissora da cidade. Começou no departamento comercial, depois foi repórter de torcida e setorista do Inter-SM, até assumir o microfone como narrador. Começou em jogos de futsal e futebol feminino, até ganhar espaço e narrar partidas profissionais.

Ao longo da carreira, Marion Mello esteve ao lado do Inter-SM em momentos históricos. Ele acompanhou a campanha da Série C do Campeonato Brasileiro em 2000, quando o time enfrentou adversários como Portuguesa Santista, Olaria, Santo André e Rio Branco. Também marcou presença no acesso de 2007 contra o Pelotas, episódio que resultou até em um DVD comemorativo. Em 2008, voltou a narrar partidas do clube na Série C, em confrontos contra Engenheiro Beltrão, Toledo e Marcílio Dias, além de vivenciar uma boa campanha no Gauchão daquele ano, que incluiu vitória sobre o Juventude, fora de casa, com gol de João Paulo no Alfredo Jaconi.

Sua trajetória não se limita ao time alvirrubro. Marion também viveu o auge das transmissões esportivas do interior, quando emissoras locais narravam competições nacionais e internacionais. Nesse período, teve a oportunidade de transmitir jogos da dupla Gre-Nal, partidas de Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Copa Libertadores. Narrou jogo da Seleção Brasileira no antigo Estádio Olímpico, acompanhou finais como Grêmio x Corinthians, em 2001, e até a campanha do Internacional campeão da Libertadores, em 2006.


O narrador do Inter-SM

Marion beija a cabeça de Jarro, atacante do Inter-SMFoto: Arquivo Pessoal

Apesar das passagens por grandes coberturas e narrações do rival Riograndense, foi com o Inter-SM que Marion construiu uma relação especial. Esteve presente em momentos decisivos, como o acesso de 2007 contra o Pelotas, e novamente este ano, quando o time voltou à elite estadual.

– Foi muito gratificante ser a voz desse processo. O reconhecimento tem sido muito grande. Eu não tinha ainda mensurado o quanto tínhamos impactado, até nessa interlocução com a cidade de Santa Maria. O pessoal mandando mensagem também de tantos outros lugares nos acompanhando – destaca.

Nas transmissões, ele busca mais do que relatar: quer transportar o ouvinte para dentro do estádio.

– O torcedor precisa sentir a vibração, mesmo sem imagem. A tua voz tem que marcar, tem que gravar no cérebro dele. E trazer para quem ouve o sentimento de que ele também faz parte do nosso trabalho e da nossa cobertura. A emoção, o sentimento, a espontaneidade, a alegria e a interação fizeram a diferença – descreve.

Seja no microfone ou fora dele, Marion reforça a importância da interação com os ouvintes. Nas transmissões, recebe centenas de mensagens, que procura valorizar e responder, sempre com atenção igual para todos.

– Isso é muito especial para mim. Eu não priorizo ninguém, trato todos com igualdade. Às vezes me emociono com a quantidade de mensagens, com o carinho das pessoas. Elas passam horas nos acompanhando, esperando ouvir o nome delas no ar. Esse retorno me transforma, me deixa realizado. Sempre respeitei muito o público, e esse respeito volta para mim de uma maneira linda – relata.


Equipe e reconhecimento

Marion faz questão de valorizar o trabalho coletivo. Para ele, a ascensão da CDN nas transmissões esportivas se deve ao esforço de toda a equipe.

– Hoje a equipe de esportes da CDN é uma das melhores do interior do Estado. A nossa equipe é muito boa, é muito qualificada, todos os profissionais que trabalham conosco são de extrema competência. Tudo colaborou para essa ascensão. As torcidas organizadas do Inter-SM que estiveram com a gente, a interatividade com o ouvinte, o nosso cuidado com o patrocinador também. Tudo isso contribui para a consolidação de um belo trabalho de toda a equipe – avaliou.

O narrador acredita que o retorno do Inter-SM ao Gauchão representa uma virada de página não só para o clube, mas também para a própria cobertura esportiva local.

– Uma das coisas mais importantes é que o Inter-SM se mantenha no alto, que cresça ainda e volte a ser participativo no cenário nacional. Isso eleva até mesmo a nossa régua. Vamos subir de prateleira, tanto a nossa narração e o nosso trabalho como os resultados que o time tem que buscar. O Inter-SM subiu e nós temos que subir junto – garantiu.

Com emoção, espontaneidade e frases que grudam na memória, Marion Mello transformou sua voz em parte da história do futebol santa-mariense. E se depender dele, a cada nova jornada haverá sempre um grito pronto para ecoar no rádio:

— Se for pro gol, me chama que eu vou.


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