Júri do Caso Taísa: “Se eu deveria ser condenado? Sim, deveria”, admite pastor acusado de matar jovem grávida

Júri do Caso Taísa: “Se eu deveria ser condenado? Sim, deveria”, admite pastor acusado de matar jovem grávida

Foto: Vitor Zuccolo

O julgamento do pastor Carlos Rudinei de Oliveira da Silva, 50 anos, acusado de matar Taísa Macedo Paula, ocorre neste momento no prédio da Caixa Econômica Federal da Alameda Buenos Aires, onde funciona a sede provisória do FórumFamiliares e amigos de Taísa, além de cerca de 30 estudantes do curso de Direito da Universidade Franciscana (UFN), acompanham o julgamento, que teve início por volta das 13h45min desta sexta-feira (26).

+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

Cercados de emoção, familiares levaram bandeiras mostrando indignação pela morte da jovem, na época com 26 anos. Entre os familiares presentes que aguardavam a liberação para subir ao local do júri, o irmão de Taísa, Dierson Macedo Paula, 37 anos, aguardava em um canto, de cabeça baixa. O semblante abatido refletia os oito anos sem a irmã, com quem convivia diretamente.

O julgamento, que estava marcado para novembro, foi antecipado pela Justiça.

- É complicado. Até quando recebemos a notícia da antecipação do julgamento, veio tudo na cabeça novamente. As cobranças, a dor, parece que a gente fica anestesiado, buscando alguma novidade. Aflora tudo novamente - comentou o irmão, sobre o tempo aguardando respostas.

Além de Dierson, a tia Liara Beatriz Marques, 59 anos, mostrava, por meio de uma bandeira com os dizeres “Queremos justiça” toda a dor enfrentada nos últimos anos pela família da jovem, que estava grávida de três meses quando foi morta a golpes de martelo, e teve o corpo enterrado no interior de Itaara, em 2017. A vítima se preparava para se evangélica. 

- Para muitos, nós ficamos em silêncio, como se fosse um caso esquecido. Mas rezamos, rezamos por muito tempo, e a resposta divina será dada. Hoje vai ser um ciclo que vai ser fechado - disse Liara sobre o caso.

Familiares demonstraram indignação através de cartazFoto: Vitor Zuccolo


Após longa e tensa espera do lado de fora da sede provisória do Fórum, os familiares foram os primeiros a serem convocados a subir até o quarto andar do edifício e ficar no mesmo ambiente que o réu Carlos Rudinei, algo que ao longo destes últimos anos, não foi incomum.

- É difícil, porque muitas vezes a gente encontrava ele na rua, no mercado. Mas o que mais doeu foi que era uma pessoa conhecida, que convivia com a gente, frequentavam a casa um do outro - finalizou Liara, enquanto se preparava para mais um encontro com o assassino confesso da sobrinha.

Com o júri já iniciado, além dos familiares, os lugares restante foram ocupados por estudantes e outros colegas de serviço de Leonardo Sagrillo Santiago, Rogér de Castro e Antônio Carlos Porto e Silva, advogados que representam Carlos Rudinei, e também pelos colegas de Daniel Tonetto, advogado da família de Taísa.  

Ao longo da mais de uma hora de fala ininterrupta de Carlos Rudinei, que ficava de costas para o público e de frente ao juiz Ulysses Fonseca Louzada, as pessoas puderam voltar a 2017 e ter detalhes sobre a relação entre os dois, que de acordo com o réu, se iniciou por volta de outubro de 2016.

Eu já conhecia a Taísa há muito tempo, nossas famílias se conheciam. Mas o nosso relacionamento iniciou no final de 2016 - relembrou.


Julgamento acontece na sede provisória do FórumFoto: Vitor Zuccolo

Ao mesmo tempo em que mantinha a relação com Taísa, Carlos Rudinei seguia com seu casamento com a esposa, que na época do fato também estava grávida do terceiro filho do casal.

- Muitos estão me chamando de monstro, e eu digo que sim, doutor, esse foi o pior dia da minha vida. Eu me envergonho até hoje disso, eu carrego comigo o peso de fazer isso. Eu tenho duas filhas pequenas e digo: “que deus me livre acontecer algo com vocês”- falou, de cabeça baixa, ao tribunal.

O olhar atento do público ao pastor mostrava que todos gostariam de compreender os acontecimentos do dia 12 de junho de 2017. Após o final de sua fala, houve um momento de pausa e, logo depois, o início das perguntas dos advogados de defesa para o réu. Posteriormente, uma pausa para que todos pudessem debater os acontecimentos que marcam mais um julgamento de feminicídio em Santa Maria.

Com o olhar integralmente voltado para o chão e com falas baixas, Carlos Rudinei ouviu do juiz o questionamento se deveria ser condenado pelo ato. O réu afirmou diversas vezes que se sentia culpado pelos acontecimentos.

Eu fui fraco. Se eu deveria ser condenado? Sim, deveria - disse, chorando.


Público acompanha de perto os desdobramentos do casoFoto: Vitor Zuccolo

A tendência é que o resultado do julgamento saia ainda nesta sexta-feira (26). Ainda pela manhã, durante o programa Bom dia, Cidade, o advogado Daniel Tonetto se manifestou sobre o julgamento:

- Eu tenho mais de 20 anos de carreira lidando com crimes, mas a gente sempre se surpreende. É um caso de muita dor, muita tragédia, a dor dessa família é incalculável. A gente espera que seja uma pena dura - comentou o assistente de acusação, que atua junto ao Ministério Público. 

Também durante o programa, Leonardo Sagrillo, representando o réu, manifestou as expectativas sobre o caso:

- Importa, neste momento, que a gente traga para a comunidade de Santa Maria que os fatos não aconteceram como estão na denúncia. É necessário que a gente diferencie o que é dito no processo e o que consta no processo - disse o defensor. 


Relembre o caso





Caso Taísa: pastor acusado de matar e esconder corpo de jovem grávida é condenado a 31 anos e seis meses de prisão Anterior

Caso Taísa: pastor acusado de matar e esconder corpo de jovem grávida é condenado a 31 anos e seis meses de prisão

Defesa do humorista Cris Pereira se pronuncia após portal noticiar condenação por estupro Próximo

Defesa do humorista Cris Pereira se pronuncia após portal noticiar condenação por estupro

Plantão
Logo tv diário
Logo rádio diário

AO VIVO

ASSISTA AGORA
MAIS BEI