"Puxou meus cabelos até o chão": Santa Maria registra terceiro caso de agressão a profissionais da saúde em menos de dois meses

Autor: Rian Lacerda

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Pela terceira vez em menos de dois meses, dois profissionais da rede municipal de saúde de Santa Maria foram vítimas de agressão durante o atendimento. O caso mais recente ocorreu na Estratégia Saúde da Família (ESF) São Carlos, no Bairro Urlândia, na última quarta-feira (15), quando uma enfermeira e uma médica do local foram agredidas física e verbalmente por uma paciente. A Secretaria de Saúde, em nota, repudiou o ato e informou que está adotando as medidas cabíveis, e um boletim de ocorrência foi registrado.


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O episódio se soma a outros dois casos de violência que levaram ao fechamento temporário de unidades de saúde na cidade em setembro. Nos últimos episódios, no entanto, foram agressões verbais e não físicas.


De acordo com o boletim de ocorrência, ao qual o Diário teve acesso, a Brigada Militar foi acionada para comparecer à ESF São Carlos, onde uma enfermeira estaria sendo agredida. No local, a enfermeira relatou que uma paciente chegou acompanhada da sua mãe, que estava com a consulta atrasada em uma hora. Conforme o documento, a paciente teria solicitado um atendimento não agendado para a filha e, ao ser orientada a procurar um pronto atendimento, "teria ficado alterada e passado a xingar" a enfermeira e a médica que estavam no local. O registro finaliza informando que, segundo o relato da enfermeira à polícia, a paciente teria "puxado seus cabelos e lhe empurrado", sem causar lesões aparentes.


Em entrevista ao Diário, uma das profissionais que sofreu a agressão, a enfermeira Denise de Oliveira Vedootto, que trabalha há 10 anos em unidades de saúde, contou como a agressão aconteceu. Segundo ela, a confusão começou por volta das 9h45min de quarta-feira, quando a paciente exigiu um atendimento extra para a filha. 


– A médica ia atender a mãe dela, mas ela queria uma consulta para a filha, que não estava agendada. A médica disse que não tinha como atender naquele momento, pois já estava com a agenda lotada. Todos os profissionais das unidades básicas estão sempre sobrecarregados – relata Denise.


Diante da negativa, segundo a enfermeira, a paciente teria se alterado, gritando na recepção. Ao perceber a irritação da paciente, foram acionadas a Guarda Municipal e a Brigada Militar. Motivo que, segundo a enfermeira, levou ao episódio de agressões físicas.


– Quando eu falei em chamar a Brigada, ela veio para cima de mim. Disse: "Agora vocês vão ter motivo para chamar a Brigada". E começou. Me agrediu, deu tapas, bateu no meu rosto, puxou meus cabelos até o chão. Foi horrível – desabafa a enfermeira, que registrou boletim de ocorrência e aguarda o resultado do exame de corpo de delito.


Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou a agressão física e as agressões verbais a outros membros da equipe. Disse que a ocorrência foi registrada oficialmente e a Secretaria Municipal de Saúde “já está adotando as medidas cabíveis, em apoio à equipe envolvida.”. Embora não informado pela pasta, uma das ações foi a troca da paciente para outra ESF. A nota segue em solidariedade aos profissionais:


“Diante do fato, a Secretaria manifesta seu total repúdio a qualquer forma de violência contra os trabalhadores da saúde, reafirmando o compromisso com a segurança e o respeito nas unidades públicas de atendimento.” Confira na íntegra mais abaixo. 


Entenda a diferença: Unidade de Saúde e Pronto Atendimento

A médica que atendeu a paciente teria orientado que ela procurasse um pronto atendimento, devido ao quadro clínico de náusea e outros sintomas. Embora a unidade de saúde seja a porta de entrada para o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), é preciso conhecer a rede de saúde local. Entenda a diferença:

  • Unidade de SaúdeÉ a porta de entrada da Atenção Primária. As equipes, formadas por médico, enfermeiro e agentes de saúde, são responsáveis por um território específico e focam no acompanhamento contínuo dos moradores, com consultas agendadas, prevenção, pré-natal, vacinas e cuidados de rotina. Conforme o quadro clínico, a equipe pode encaminhar o usuário para outro estabelecimento da Rede de Saúde, como centros especializados, Pronto Atendimentos ou hospitais.
  • Pronto Atendimento (PA) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São estabelecimentos que lidam com casos de urgência e emergência, sendo urgência “uma ocorrência imprevista de agravo à saúde que precisa de atendimento médico o mais rápido possível, mas que não representa risco iminente de morte” e emergência “a constatação médica de uma condição que envolve risco iminente de morte e que exige tratamento imediato para salvar a vida ou evitar sequelas graves”. Para isso, as equipes utilizam o protocolo de Manchester, também conhecido como classificação de risco. Nesses locais, serão priorizados os pacientes na seguinte ordem: vermelho (emergência), laranja (muito urgente), amarelo (urgente), verde (pouco urgente) e azul (não urgente), sendo que o último grupo pode ter a situação resolvida em unidade de saúde.


Relembre os outros casos

A violência em postos de saúde tem se tornado recorrente em Santa Maria. Este é o terceiro registrado em menos de dois meses. 


*A reportagem tenta contato com a paciente citada e mantém o espaço aberto para manifestação.


NOTA DA SECRETARIA DE SAÚDE. 


Na quarta-feira, 15 de outubro, uma profissional de saúde foi vítima de agressão física durante o atendimento na Unidade Básica de Saúde São Carlos, em Santa Maria. A ocorrência foi registrada oficialmente e a Secretaria Municipal de Saúde já está adotando as medidas cabíveis, em apoio à equipe envolvida.

No ocorrido, outros profissionais da equipe também foram vítimas de agressões verbais.

Diante do fato, a Secretaria manifesta seu total repúdio a qualquer forma de violência contra os trabalhadores da saúde, reafirmando o compromisso com a segurança e o respeito nas unidades públicas de atendimento.

Secretaria Municipal de Saúde de Santa Maria

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